terça-feira, 29 de janeiro de 2013

irmão desconhecido

E assim a vida nos ensina novamente.
Depois de 32 anos finalmente conheço um meio-irmão.

Calmamente, sem pressões, facilmente se conclui que afinal temos bastante em comum. Até porque ele conhece a minha meia-irmã desde pequeninos... (ambos moram em Joanesburgo)

O mundo é assustadoramente pequeno.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O internamento

Acabou por não ser o post seguinte, afinal, porque me pareceu mais urgente apresentar os conselhos que o hospital me deu, já que existe a probabilidade de alguma pessoa que me leu necessitar e daí ter optado por publicá-los antes deste.

A(s) viagem(ns) de ambulância são sempre atribuladas. Não que tenha feito muitas, mas as duas que fiz confirmam esta afirmação. :) E devo dizer que nesta ambulância, infelizmente, notavam-se bem os cortes que o governo implementou. Mas, política à parte, finalmente chegámos ao hospital.

Realço que fomos MUITO BEM recebidas e tratadas ao longo do tempo que estivemos na urgência pediátrica e na sala de observações do Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro. A médica que nos recebeu foi super clara e esclarecedora quanto a todas as dúvidas.

No fundo, explicando isto de forma ligeira, uma convulsão febril acaba por ser um mecanismo de defesa do organismo para evitar lesões mais graves causadas pela febre, ou infecção (que está a causar a febre). O cérebro faz como que um "shutdown" ou mesmo um "reset". Felizmente estas convulsões febris não causam quaisquer lesões no cérebro e têm maior probabilidade de acontecer caso haja histórico familiar. Segundo o médico de família só acontece a 5% das crianças mas, honestamente, eu não confio muito nas "estatísticas" dele (hei-de averiguar isso melhor).

O que me preocupava neste momento era: o que estava a despultar esta febre tão alta?
Sim, porque não baixava dos 39ºC.

Continuavas tão queixosa e sem comer nada.
Perto da meia noite a médica voltou para fazer novo "checkup". A febre não baixou e após oscultação, em vez de deixar para o dia seguinte, a média optou por pedir o exame logo.
Durante a noite bebeste praticamente um litro de água. Sempre com uma respiração de dor e muito queixosa.

Dia seguinte, segunda-feira, outra médica. Tão ou mais simpática que a anterior. Novo checkup matinal. Febre mantinha-se apesar, devo realçar, do Ben-u-ron intercalado com Brufen. Finalmente iríamos saber o resultado das análises e do raio-x.
Infelizmente, o raio-x acabou por ser inconclusivo, por ter sido feito demasiado cedo. "Quanto às análises ao sangue e urina, elas não são tranquilizadoras. Acusaram glóbulos brancos com valores bastante elevados, o que revela uma grande infecção. Caso a febe não baixe iremos administrar antibiótico. Vamos ver como corre o dia.", disse a médica.

E esperámos. Esperámos.... Mas a febre continuava sem ceder. Chegou aos 39,8ºC. Eram 17h da tarde e tu ardias em febre. Finalmente decidiram dar-te o antibiótico na esperança de "acertar". Meia-noite, já ela começava a ceder: 37,7ºC. :) Veríamos como correria a noite.
E correu bem melhor. A febre nunca ultrapassou os 36,6ºC, na axila. Yupiiiiiii!!!!!!!!

Terça-feira de manhã. Novo checkup matinal. Sem febre toda a noite. E até às 10h da manhã!
A médica veio explicar. Acabou por não se chegar a uma conclusão específica, isto porque o raio-x tinha sido feito demasiado cedo para se verificar o que quer que seja, embora o diagnóstico que ela arriscava seria o de início de uma pneumonia. Isso somado à dita otite (que nunca chegou a evoluir) e a um dente molar que reparei no dia seguinte a regressarmos a casa... Foi um resultado bombástico!

Finalmente, na terça-feira às 11h a médica deu-nos alta!

V A M O S P A R A C A S A !

Publicado por DraftCraft app

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Convulsão Febril - O que eu gostava de ter sabido antes...


O minuto mais longo da minha vida

Estive bastante tempo ausente, bem sei... Porque o trabalho me tem absorvido em completo, praticamente. Tem sido uma loucura constante.

Mas, infelizmente, regresso e logo para desabafar sobre o pior dia da minha vida. Mas eu também criei este blog para isto mesmo, DESABAFAR.

Madrugada de domingo, dia 20 de janeiro de 2013. Cinco e meia da manhã. A "pipoquinha" acorda a chorar.
Pedi ao pai para te ir ver, mas depressa me levantei porque o teu choro era inquietante.
Respiravas "aos soluços", muito queixosa e só dizias "oh mamã, oh mamã...."
Tentei leite para te acalmar. Bebeste 50ml, dos 250 habituais.
Medi a febre. 38.5 (rectal). Dei-te ben-u-ron. E ficaste um pouco no meio de nós com essa respiração de dor constante. Como me parecias cada vez mais quente decidi deitar-te na tua caminha.
Hora e meia depois, febre a 39.1. Como não baixava, e o teu choro era queixoso e constante, decidi que deviamos ir ao hospital, até porque (anormalmente) passavas o tempo todo a dizer "oh mamã, oh mamã".
Demos entrada no Hospital da Feira, por volta das 8h30 da manhã. Diagnóstico: otite do ouvido direito e congestionamento nas vias respiratórias do "trato superior". Meia hora de nebulizações com soro. Nova medição à febre: 39.9º! Brufen e, como passados alguns minutos estavas muito bem disposta, a médica deu-te alta com antibiótico e ainda referiu para colocar muito soro fisiologico no nariz.

Até aqui nada de especial. O pior mesmo veio depois.

Fomos almoçar a casa do meu pai.
Como sempre, dei-te a sopa antes de começarmos a refeição. Com alguma insistência comeste.
Quando estava para começar a comer a minha sopa, como sempre faço, ofereci-te um pouco da minha.
Não reagiste. Repeti. Sem reacção. Olhei para os teus olhos e estavam "ausentes", embora sempre abertos. Peguei-te na mão e estavas sem sentidos. Congelei. Comecei a entrar em pânico e a tentar rapidamente tirar-te da cadeira de papa.
Assim que te tirei da cadeira, o teu corpo mole e não reactivo, o meu instinto foi dirigir-me para a casa de banho para te colocar água fresca no rosto. Ao abrir a porta olho para ti e vejo-te a começa a ficar roxa, de olhos abertos e sem reacção. Aí não consegui aguentar o pânico e comecei a gritar a pedir ajuda!
Já tinha visto "um filme" idêntico que não tinha acabado bem... E a minha vida sem ti não faz sentido. (Sei que parece exagerado, mas acredito que é o que todas as MÃES sentem)

Foi o minuto mais longo da minha vida. E o mais terrível também.

Tentei desesperadamente colocar água fria no rosto e falar contigo. Agora recordo-me que assim que falava para ti tentava manter a calma, mas depois como não reagias, eu instintivamente olhava pro alto e gritava. Sei que não faz muito sentido. Mas se calhar tem TODO o sentido. "ALGUÉM CHAME O 112 POR FAVOR!!!!!!!", gritei eu.
Continuavas roxa e o INEM demorou a responder.
Senti as minhas pernas quentes. Tinhas urinado. E comecei a sentir-te aos espasmos. Deitaste secreções pela boca. E nunca mais voltavas a ti.... :( "Está a ter uma convulsão", disse eu sem saber o que fazer, mas um pouco mais calma. Formações, cursos, ensinamentos.... Com os nossos filhos, parecem não servir de nada, porque o pânico sobrepõe-se, teimosamente.

É impressionante como somos pequeninos e, na altura lembro-me de pensar, como somos impotentes.

Finalmente, o INEM atendeu e deu indicação para te despir e colocar-te dentro duma bacia de água morna até ao pescoço. Foi quando te comecei a despir que começaste por fim a vir "a ti". Pálida e apática, mas viva!
Coloquei-te dentro da bacia e permaneci o tempo todo a falar contigo e a molhar-te os ombros. Reconhecias a mamã e olhavas quando te perguntava pelo papá, mas as tuas forças eram insuficientes para apontares.

Talvez 5 minutos até chegar a ambulância, que entretanto já tinha passado e continuou por engano. Uma eternidade para nós. Mas eu acalmei. Acalmei, porque precisavas de mim e eu tinha de estar forte para ti.
"Oh mamã, oh mamã" era o que repetias em voz baixa e o meu coração ficava apertadinho sempre que te ouvia e não conseguia aliviar a tua dor.

Finalmente chegou a ambulância.

Convulsão febril. Uma coisa tramada para o coração de mãe e de pai....

Post seguinte: o internamento.

Publicado por DraftCraft app