terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O minuto mais longo da minha vida

Estive bastante tempo ausente, bem sei... Porque o trabalho me tem absorvido em completo, praticamente. Tem sido uma loucura constante.

Mas, infelizmente, regresso e logo para desabafar sobre o pior dia da minha vida. Mas eu também criei este blog para isto mesmo, DESABAFAR.

Madrugada de domingo, dia 20 de janeiro de 2013. Cinco e meia da manhã. A "pipoquinha" acorda a chorar.
Pedi ao pai para te ir ver, mas depressa me levantei porque o teu choro era inquietante.
Respiravas "aos soluços", muito queixosa e só dizias "oh mamã, oh mamã...."
Tentei leite para te acalmar. Bebeste 50ml, dos 250 habituais.
Medi a febre. 38.5 (rectal). Dei-te ben-u-ron. E ficaste um pouco no meio de nós com essa respiração de dor constante. Como me parecias cada vez mais quente decidi deitar-te na tua caminha.
Hora e meia depois, febre a 39.1. Como não baixava, e o teu choro era queixoso e constante, decidi que deviamos ir ao hospital, até porque (anormalmente) passavas o tempo todo a dizer "oh mamã, oh mamã".
Demos entrada no Hospital da Feira, por volta das 8h30 da manhã. Diagnóstico: otite do ouvido direito e congestionamento nas vias respiratórias do "trato superior". Meia hora de nebulizações com soro. Nova medição à febre: 39.9º! Brufen e, como passados alguns minutos estavas muito bem disposta, a médica deu-te alta com antibiótico e ainda referiu para colocar muito soro fisiologico no nariz.

Até aqui nada de especial. O pior mesmo veio depois.

Fomos almoçar a casa do meu pai.
Como sempre, dei-te a sopa antes de começarmos a refeição. Com alguma insistência comeste.
Quando estava para começar a comer a minha sopa, como sempre faço, ofereci-te um pouco da minha.
Não reagiste. Repeti. Sem reacção. Olhei para os teus olhos e estavam "ausentes", embora sempre abertos. Peguei-te na mão e estavas sem sentidos. Congelei. Comecei a entrar em pânico e a tentar rapidamente tirar-te da cadeira de papa.
Assim que te tirei da cadeira, o teu corpo mole e não reactivo, o meu instinto foi dirigir-me para a casa de banho para te colocar água fresca no rosto. Ao abrir a porta olho para ti e vejo-te a começa a ficar roxa, de olhos abertos e sem reacção. Aí não consegui aguentar o pânico e comecei a gritar a pedir ajuda!
Já tinha visto "um filme" idêntico que não tinha acabado bem... E a minha vida sem ti não faz sentido. (Sei que parece exagerado, mas acredito que é o que todas as MÃES sentem)

Foi o minuto mais longo da minha vida. E o mais terrível também.

Tentei desesperadamente colocar água fria no rosto e falar contigo. Agora recordo-me que assim que falava para ti tentava manter a calma, mas depois como não reagias, eu instintivamente olhava pro alto e gritava. Sei que não faz muito sentido. Mas se calhar tem TODO o sentido. "ALGUÉM CHAME O 112 POR FAVOR!!!!!!!", gritei eu.
Continuavas roxa e o INEM demorou a responder.
Senti as minhas pernas quentes. Tinhas urinado. E comecei a sentir-te aos espasmos. Deitaste secreções pela boca. E nunca mais voltavas a ti.... :( "Está a ter uma convulsão", disse eu sem saber o que fazer, mas um pouco mais calma. Formações, cursos, ensinamentos.... Com os nossos filhos, parecem não servir de nada, porque o pânico sobrepõe-se, teimosamente.

É impressionante como somos pequeninos e, na altura lembro-me de pensar, como somos impotentes.

Finalmente, o INEM atendeu e deu indicação para te despir e colocar-te dentro duma bacia de água morna até ao pescoço. Foi quando te comecei a despir que começaste por fim a vir "a ti". Pálida e apática, mas viva!
Coloquei-te dentro da bacia e permaneci o tempo todo a falar contigo e a molhar-te os ombros. Reconhecias a mamã e olhavas quando te perguntava pelo papá, mas as tuas forças eram insuficientes para apontares.

Talvez 5 minutos até chegar a ambulância, que entretanto já tinha passado e continuou por engano. Uma eternidade para nós. Mas eu acalmei. Acalmei, porque precisavas de mim e eu tinha de estar forte para ti.
"Oh mamã, oh mamã" era o que repetias em voz baixa e o meu coração ficava apertadinho sempre que te ouvia e não conseguia aliviar a tua dor.

Finalmente chegou a ambulância.

Convulsão febril. Uma coisa tramada para o coração de mãe e de pai....

Post seguinte: o internamento.

Publicado por DraftCraft app

3 comentários:

  1. Não quero imaginar a angustia...só de ler fiquei com o meu coração apertado...quanto mais assistir a um cenário destes...!Em cada caso, á sua maneira, a pipokinha representa um raio de sol nas nossas vidas...como disseste, já não dá para viver sem ela...!Felizmente já passou...agora a madrinha está cheia de saudades...mortinha por te dar um xi bem apertado...Amo-te meu anjo!* =)

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  2. Ai que sufoco, imagino a aflição! Isto para um pai ou mãe é assustador.
    Ainda bem que correr tudo pelo melhor ;)
    bjs

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  3. Sim, Bricolar e Poupar... mesmo que se leia muito, com os nossos filhos é sempre aflitivo.
    Resta rezar para não surgirem novamente.

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